Olá! Seja muito bem-vindo(a)! No post de hoje refletiremos sobre as diferentes fases da escrita infantil, segundo a estudiosa Emília Ferreiro.
Emília Ferreiro, uma das principais pesquisadoras da psicogênese da língua escrita, desenvolveu uma teoria que descreve as diferentes fases de desenvolvimento da escrita nas crianças. Suas contribuições são fundamentais para compreender como as crianças se apropriam da escrita e da leitura ao longo do tempo.
Ferreiro defende que a escrita não é um processo linear, mas sim construído por meio de estágios que envolvem a interação entre o sujeito e o mundo à sua volta, com base nas suas experiências e no contexto cultural.
Primeira Fase: A Pré-Silábica
A fase pré-silábica é o primeiro estágio no desenvolvimento da escrita e geralmente ocorre entre os 3 e 5 anos. Nessa etapa, as crianças ainda não compreendem a correspondência entre os sons da fala e os símbolos gráficos.
Elas utilizam as letras de maneira aleatória, sem uma relação direta com os fonemas que representam. A escrita, portanto, não tem valor fonológico, mas sim gráfico e simbólico.
Por exemplo, uma criança pode escrever "ABCA" para se referir a um objeto que ela quer nomear, como "bola", sem entender que as letras correspondem a sons específicos.
Segunda Fase: A Silábica
Na fase silábica, que geralmente se inicia por volta dos 5 aos 7 anos, as crianças começam a perceber que a escrita representa os sons da fala, ou seja, elas começam a usar uma letra para cada sílaba.
A escrita ainda não é totalmente precisa, mas a criança já começa a fazer correspondências sonoras. Por exemplo, a palavra “cachorro” pode ser escrita como "kó", “bico” como "biko" ou “papel” como "pépé".
A ideia central da fase silábica é que a criança ainda não tem o domínio completo da correspondência fonema-grafema, mas já compreende que cada sílaba da palavra deve ser representada graficamente.
Terceira Fase: A Silábico-Alfabética
A fase silábico-alfabética, que costuma ocorrer por volta dos 7 aos 9 anos, marca um avanço significativo na compreensão da escrita.
A criança começa a perceber que as palavras não são formadas apenas por sílabas, mas também por fonemas, e, por isso, pode utilizar tanto letras para representar sílabas quanto para representar fonemas individuais.
Ou seja, a criança agora começa a perceber que há uma relação mais precisa entre a letra e o som da palavra, mas ainda não possui total clareza sobre a ortografia convencional.
Por exemplo, a palavra “telefone” pode ser escrita como “tefóne” ou “telfone”, ainda refletindo uma tentativa de usar a grafia fonética da fala, sem a correspondência exata da ortografia.
Quarta Fase: A Alfabética
A fase alfabética, que normalmente se desenvolve entre os 9 e 11 anos, é caracterizada pelo domínio da escrita, onde as crianças já compreendem completamente a relação entre fonemas e grafemas.
As crianças começam a escrever as palavras de forma ortograficamente correta, ou seja, de acordo com as convenções da língua escrita.
Elas já reconhecem que a escrita representa o som da fala, mas agora têm uma noção mais precisa de que as palavras devem ser escritas com as grafias corretas, de acordo com as regras ortográficas da língua.
Por exemplo, uma criança que está na fase alfabética escreveria a palavra “telefone” corretamente, sem erros de grafia.
Quinta Fase: A Ortográfica
Na fase ortográfica, a criança atinge um nível mais avançado, geralmente entre os 11 e 13 anos, quando se torna capaz de escrever de forma ortograficamente correta, com uma compreensão profunda das regras gramaticais e ortográficas.
A escrita está estável e as crianças já compreendem as complexidades da língua escrita, como o uso de acentos, a diferenciação entre palavras homófonas (palavras que têm o mesmo som, mas grafias diferentes) e outros aspectos ortográficos mais complexos.
A palavra “acórdão”, por exemplo, já seria escrita corretamente sem qualquer confusão com a palavra “acordo”. Além disso, é nesta fase que a criança desenvolve mais fluência na escrita, podendo produzir textos mais complexos e coerentes.
As fases de escrita propostas por Emília Ferreiro demonstram um processo de aprendizagem contínuo, no qual a criança não apenas decodifica símbolos gráficos, mas também constrói conhecimento sobre as convenções da língua escrita.
Cada fase é caracterizada por um maior entendimento das relações entre a fala e a escrita, sendo o papel do educador fundamental para que as crianças possam avançar de uma fase para a outra de maneira eficaz.
A abordagem de Ferreiro é crucial para compreender a complexidade do desenvolvimento da escrita e a importância de uma educação que respeite o ritmo e as etapas desse processo.
Espero que tenha gostado do post de hoje e até o próximo!😉