A seletividade alimentar é um comportamento bastante comum entre estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
No ambiente escolar, esse comportamento pode se manifestar de formas que impactam a rotina do aluno e a dinâmica da sala de aula — especialmente durante lanches, almoços ou atividades pedagógicas que envolvem comida.
Para professores, entender essa seletividade é fundamental para promover um ambiente mais inclusivo, respeitoso e seguro.
O que é seletividade alimentar?
Seletividade alimentar é quando a criança consome apenas um número muito limitado de alimentos, muitas vezes rejeitando outros com base em critérios como textura, cheiro, cor, formato ou temperatura. No caso do autismo, essa seletividade pode ser extrema e persistente, não sendo apenas uma “fase” ou “birra”.
Estima-se que mais da metade das crianças com TEA apresentam algum grau de seletividade alimentar. Isso significa que, na escola, é possível que o aluno leve todos os dias o mesmo lanche, rejeite alimentos oferecidos pela merenda ou fique visivelmente desconfortável em ambientes onde a comida está presente.
Por que isso acontece?
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Sensibilidade sensorial: Muitas crianças autistas são hipersensíveis a estímulos sensoriais. Um cheiro forte ou uma textura "estranha" pode gerar desconforto real, até mesmo repulsa física.
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Rigidez nas rotinas: Alunos com TEA costumam ter forte necessidade de previsibilidade. Um lanche que muda repentinamente pode gerar ansiedade ou até crises.
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Associação negativa: Experiências ruins com certos alimentos (como engasgos ou náuseas) podem causar rejeições duradouras, mesmo que o alimento pareça “normal” para os outros.
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Dificuldades motoras orais: Alguns alunos podem ter problemas de mastigação ou deglutição, o que influencia diretamente suas preferências alimentares.
Como isso afeta o ambiente escolar?
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Lanches e merenda: A criança pode recusar comer, causar confusão por trazer alimentos muito específicos ou se recusar a sentar com os colegas.
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Atividades com alimentos: Projetos pedagógicos que envolvem culinária ou experiências sensoriais podem se tornar desafiadores.
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Integração social: A seletividade pode isolar a criança durante momentos coletivos como festas, piqueniques ou aniversários na escola.
O que professores podem fazer?
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Respeite o comportamento alimentar da criança: Evite pressionar o aluno a comer ou experimentar algo que ele rejeita. A pressão pode gerar crises e prejudicar o vínculo com o educador.
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Comunique-se com a família: Os responsáveis são os que mais conhecem os hábitos alimentares da criança. Estabeleça uma parceria para entender melhor o que pode ou não ser oferecido.
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Evite fazer comparações: Comentários como “veja como seu colega está comendo” podem causar constrangimento e reforçar a sensação de inadequação.
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Adapte atividades pedagógicas: Se uma atividade envolve alimentos, pergunte previamente à família se o aluno pode participar. Ofereça alternativas quando necessário.
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Promova um ambiente acolhedor: Oriente os colegas a respeitarem as diferenças alimentares do amigo com TEA. Isso fortalece a inclusão e previne bullying.
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Tenha empatia e paciência: Entender que a seletividade alimentar faz parte do perfil sensorial e comportamental do autismo ajuda a lidar com mais tranquilidade e sensibilidade.
Conclusão
Para o professor, compreender a seletividade alimentar de um aluno autista vai muito além da questão nutricional. É um gesto de inclusão, respeito e empatia.
Com informação e acolhimento, é possível criar um ambiente onde todos os alunos se sintam seguros e valorizados, independentemente de suas particularidades.
Espero que tenha gostado do post de hoje. Abraços e até a próxima!😉